quarta-feira, 20 de maio de 2009

....Mata Atlântica

DESCRIÇÃO DOS ASPECTOS FISIONÔMICOS, ESTRUTURAIS E FLORÍSTICOS DA FLORESTA ATLÂNTICA.

Esse tipo de formação florestal recebe várias denominações: floresta latifoliada tropical úmida de encosta (segundo a classificação de Andrade-Lima) mata pluvial tropical (segundo Romariz) e mata atlântica (denominação mais geral). É claro que todas estas denominações são corretas. O que interessa é saber interpretá-las. A expressão de Andrade-Lima é a mais complexa. Está indicando que se trata de floresta sempre verde, cujos componentes em geral possuem folhas largas, que é vegetação de lugares onde há bastante umidade o ano todo, e, finalmente, que é vizinha da costa ou acompanha a costa. Na expressão de Romariz, sabe-se que se trata de floresta cujos componentes tem folhas largas, é mata dos trópicos úmidos e vive em encostas. Os autores que usam a expressão mata atlântica estão indicando sua vizinhança com o Oceano Atlântico. E desta vizinhança decorre a umidade transportada pelos ventos que sopram do mar. Como conseqüência dessa umidade surge a possibilidade de terem seus componentes, na maioria, folhas largas.
E, ainda, esta umidade constante, aliadas às altas temperaturas é que garante o caráter de vegetação perenifólia (cujas folhas não caem antes de as novas estarem já desenvolvidas), pois a queda periódica das folhas de certa vegetação é determinada ou pela falta de água (seca física - queda de folha na caatinga) ou pelas temperaturas muito baixas que impedem a absorção da água embora ela esteja presente (. seca fisiológica - queda das folhas nas matas de climas temperados). Portanto por receber muita energia radiante e pelo alto índice de pluviosidade, trata-se de uma floresta exuberante, de crescimento rápido, e sempre verde, ou seja, as folhas não caem. Calcula-se que na Mata Atlântica existam 10 mil espécies de plantas que contém uma infinidade de espécies de cores, formas e odores diferentes.


Palmeira, Fonte:http://www.folhadomeio.com.br/fma/folha/2002/06/palmeira-capa.jpg


Na Mata Atlântica convivem lado a lado desde árvores grandiosas como o jequitibá, figueiras e guapuruvas e até liquens, musgos e minúsculas hepáticas. Existem muitas espécies de árvores com troncos duros e pesados, uma grande quantidade de cipós se apóia nas árvores. Encontram-se no chão da mata uma grande quantidade de fungos, plantas saprófitos, sementes e plântulas.
A Floresta Atlântica é semelhante fisionomicamente e em composição florística à Floresta Amazônica. São igualmente densas, com árvores altas em setores mais baixos do relevo, apesar de as árvores amazônicas apresentarem em média um maior desenvolvimento. Os troncos são recobertos por uma grande diversidade de epífitas que é um aspecto típico dessas florestas. A existência de grupos semelhantes de espécies entre a Amazônia e a Mata Atlântica sugere que essas florestas se comunicaram em alguma fase de sua história. Certos contrastes diferenciam a Floresta Amazônica da Mata Atlântica; a primeira é em geral de planície e a segunda, de altitude. Suas temperaturas médias discrepam do ponto de vista vegetacional. Quanto mais distante a Mata Atlântica estiver do equador, mais ela se difere da vegetação amazônica devido ao abaixamento da temperatura. Na Floresta Amazônica, as temperaturas médias são elevadas todo ano, em torno de 26-27° C, indo à máxima absoluta a 38,8° C e a mínima absoluta a 22° C, o que faz do seu clima uma constante quente durante todo ano. Já na Mata Atlântica, as temperaturas médias variam 14-21° C, chegando a máxima absoluta 35° C para menos, não passando a mínima absoluta de 1° C (embora, no Sul, possa cair até -6° C).
A Floresta Atlântica guarda, apesar de séculos de destruição, a maior biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais. Isso é devido a sua distribuição em condições climáticas e em altitudes variáveis, favorecendo a diversificação de espécies que estão adaptadas às diferentes condições topográficas de solo e umidade. Além disso, durante as glaciações essas florestas mudaram de área nos ciclos climáticos secos e úmidos. As flutuações climáticas produziram períodos mais secos, com nível do mar abaixo do atual e retração das florestas e expansão dos cerrados. Portanto nos últimos milhares de anos a geologia não mudou, mas o clima variou entre as glaciações, ou seja, as águas quando congelavam nos pólos abaixavam os níveis dos oceanos e chovia pouco. Nas interglaciações o tempo esquentava, o mar aumentava de volume e chovia abundantemente. Nessa época a Serra-do-Mar tinha papel importante na sobrevivência da Mata Atlântica já que barrava a umidade vinda do oceano salvando milhares de espécies dependente dessa umidade.
A grande quantidade de matéria orgânica em decomposição sobre o solo dá à mata fertilidade suficiente para suprir toda a rica vegetação. Um solo pobre mantém uma floresta riquíssima em espécies, graças à rápida reciclagem da enorme quantidade de matéria orgânica que se acumula ao húmus.
Há plantas que começam como epífitas e terminam como plantas terrestres. Suas sementes germinam sobre forquilhas de ramos ou axilas de folhas, onde foram depositadas por pássaros em suas fezes; suas raízes crescem em torno do caule da hospedeira, em direção ao solo, onde penetram e se ramificam; com seu crescimento em espessura acabam concrescendo umas com as outras formando uma coluna vigorosa, capaz de suportar sua copa, quando a hospedeira, com seu caule asfixiado no interior, morre e se desfaz. O exemplo típico é o Fícus, conhecido como mata-pau.
a mata existe uma planta que abriga formigas, a embaúba, a única planta que fora da região amazônica se associa com formigas. A formiga protege a planta contra a ação de predadores e essa árvore serve de abrigo às formigas. No chão da floresta alguns fungos, as micorrizas, formam-se junto às raízes das árvores onde auxiliam na absorção de nutrientes.
Plantas saprófitas evoluídas a ponto de dispensar a clorofila, deixando de fazer a fotossíntese, vivem a custa de matéria orgânica em decomposição. São plantas esbranquiçadas que crescem em meio às folhas no chão da floresta. Nessas matas são comuns as raízes tabulares e as raízes de escoras, que são dispositivos para se coletar oxigênio do ar, uma vez que a taxa de oxigênio do solo é pequena. Além disso, solos muito húmidos não proporcionam boa fixação, assim as raízes tabulares aumentam a base de sustentação da planta. Devido à densidade de a vegetação ser muito grande, os ramos nas copas das árvores se entrelaça e as plantas assim se suportam reciprocamente e mesmo que os troncos sejam cortados, a árvore não cai por estar presa à copa. O chão da floresta é um verdadeiro berçário de plantas recém germinadas ou em vida latente dentro das sementes. Muitas dessas plantas podem passar anos aguardando que uma árvore caia, abrindo uma clareira para que tenham luz suficiente para crescer. Outras suportam até a passagem do fogo das queimadas para depois germinar e auxiliar na cicatrização da floresta. Algumas espécies como os manacás-da-serra e quaresmeiras produzem milhares de minúsculas sementes que o vento carrega e deposita sobre as áreas abertas onde rapidamente crescem fechando as "feridas".
Durante o inverno, ipês e suinãs exibem suas flores nos altos das copas ao mesmo tempo em que derrubam todas as folhas, tornando as flores visíveis a seus polinizadores a longa distância. Na dispersão das sementes tem plantas que produzem frutos ou sementes com asas ou longos pelos, valendo-se dos ventos para distribuí-las. Outras produzem frutos explosivos, que ao secarem lançam suas sementes a longas distâncias. As folhas são muitas vezes brilhantes recobertas por cera, tendo superfícies lisas e pontas em forma de goteira. Todas essas características facilitam o escoamento da água das chuvas impedindo sua permanência prolongada, o que seria inconveniente sobre a superfície foliar porque pode obstruir estômatos, além de servir para, em suas gotas, se desenvolverem microorganismos que podem determinar doenças. Outros mecanismos são conhecidos tais como: caules e folhas pendentes, folhas de limbo em pedúnculos delgados e longos, que se curvam ao peso da água fazendo com que a ponta do limbo se incline para baixo, o que determina o escoar da água por ação da gravidade e com isso o peso do limbo diminui e volta à posição anterior.

Fonte de pesquisa: Aulas ministradas pelo Professor Doutor João Philipe Santiago da disciplina Macroambientes do 5º Semestre de geografia
Arquivos fornecidos pelo professor anteriormente mensionada
Livro: Geografia do Brasil de Jurandyr L. S. Ross
Site: http://educar.sc.usp.br/

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