terça-feira, 31 de março de 2009

Ratzel, Espaço Vital e Redes.

Será que a visão geográfica brasileira a cerca do geógrafo alemão Friedrich Ratzel é a mais digna de louvor? ou pode-se encontrar dentro de sua teoria aspectos que o tornam diferente desse olhar? Teoria do Espaço Vital? Redes?
Não é objetivo deste post verificar a grandeza da obra ratzeliana. Apenas se acha pertinente estabelecer conexões acerca das questões mencionadas acima.
Primeiramente é bom se ter uma rápida noção de quem foi Ratzel.
Freidrich Ratzel (1844-1904) se configura, para muitos, como o pai da Geografia Política, assim como estabelecendo tal como disciplina de fato, sendo responsável pela criação de duas das mais importantes obras geográficas - Anthropogeographie e Politische Geographie.
Ratzel tinha como formação inicial, zoólogo, descobrindo a Geografia em suas viagens.
O sentido ufanista do geógrafo é inquestionável, uma vez que tenta relacionar aspectos da realidade social moderna com o contexto em que a Alemanha se situava, o de unificação.
Em suma, a obra ratzeliana se constitui de estrema relevância para o pensamento geográfico, pois tenta superar aquela Geografia apenas descritiva, tendendo a um avanço nas formulações construtivas acerca do Espaço. Pode-se apontar alguns de seus aspectos mais importantes:
O autor enxerga com reciprocidade os efeitos entre homem e natureza. O homem seria um agente transformador da natureza através de seu trabalho, ao mesmo tempo em que este mesmo homem é dependente das condições naturais de seu espaço vital.
Outro ponto importante diz respeito que não se pode compreender as relações entre homem e natureza somente sob o prisma técnico-econômico, mas sobretudo pelo político.
Para Ratzel, a Geografia Física tem importância sem precedentes para a pesquisa geográfica.
Finalizando, a descrição deve ser feita levando -se em consideração as necessidades, tanto estéticas, quanto científicas.
Nesta brevíssima exposição de Ratzel percebe-se que a ideia brasileira sobre o geógrafo alemão tem, no mínimo, equívocos. Ora, no Brasil, Ratzel é visto como um geógrafo extremamente determinista, ficando apenas com aquela oposição Ratzel - determinista x Vidal de La Blache - possibilista. No entanto, deve -se perceber, que as leituras de Ratzel feitas no Brasil são de origem francesa, onde pode-se verificar interesses para que essa forma de pensar perpetue. Além disso, a leitura equivocada dos textos originais ratzelianos são também responsáveis por sua má interpretação.
Um exemplo disso diz respeito à sua famosa teoria do Espaço Vital. Rapidamente sobre o assunto, grosso modo, a teoria do espaço vital é vista como espaço que o homem domina destinado à sua sobrevivência. Entendendo como a Geografia sendo uma ciência grandiosa, pode-se desmembrar tal teoria ratzeliana tendo dois sentidos: o sentido biogeográfico, sendo aquela em que determinado espaço é apropriado pelo homem, lógico, pelo seu trabalho, objetivando uma captação de recursos destinados à sua sobrevivência, e o sentido político, aonde tal espaço é visto sob os mais diversos interesses, como por exemplo, o poder que a conquista de determinado território influencia para a conquista de outros.
Tal teoria surge a partir da expansão do imperialismo. Daí, circulação e comunicação se revelam instrumentos indispensáveis à teoria do Espaço Vital. Neste ponto, observa-se que circulação e comunicação são elementos de redes. Ratzel se configura então como o primeiro a se debruçar sobre esta categoria geográfica.
Mais uma vez reitera-se, só se pretende neste post estabelecer relações entre Raztel, Espaço Vital e Redes.
A rede de comunicação está mais ligada ao trânsito de informações, e a rede de circulação se relaciona com a sistema de transportes. A partir da expansão do sistema imperialista, surgem interesses econômicos, e essas redes se transformam em grandes aliadas dos poderosos. Além disso, a posição geográfica se já se destacava, adquire mais ênfase. Portanto, segundo Ratzel, quem detém o poder são aqueles que controlam a rede, sobretudo o controle econômico e político.
Deve-se perceber, entretanto, que em uma sociedade organizada em redes, é inevitável a evolução decorrente do processo histórico. A mudança é uma característica geográfica.
Portanto, neste pequeno texto, pode-se verificar a importância da obra raztzelina para o estudo de Geografia. Obviamente, deve-se elaborar novas teorias que atendam a sociedade contemporânea, contudo, nunca se deve largar de mão os estudo geográficos mais antigos, uma vez que eles fundamentam as análises atuais.

“Se enxerguei mais longe é somente porque me apoiei nos ombros de Gigantes” Sir Isaac Newton

Fonte: Aulas ministradas pelo Professor Doutor João Phelippe Santiago

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